Força, Superação e Fé: A Jornada de Evelyn Souza Santos
“A dor nunca desaparece, mas com fé e resiliência, encontramos forças para seguir em frente.”
Aos 36 anos, Evelyn Souza Santos carrega consigo uma história marcada por perdas imensuráveis, mas também por uma força que transcende a dor. Mãe de três meninos que agora vivem em seu coração, ela transformou o luto em propósito, oferecendo acolhimento e esperança a outras mulheres que enfrentam a mesma jornada.
Em 2020, Evelyn realizou seu maior sonho: ser mãe. A chegada de João Guilherme trouxe luz à sua vida, mas a felicidade durou pouco. A gravidez foi marcada por desafios, e o bebê nasceu prematuro, com complicações de saúde que exigiram cuidados intensivos. Aos seis dias de vida, João partiu no Dia das Mães, deixando um vazio impossível de mensurar. “Eu me senti sozinha na dor, mas com o tempo entendi que falar sobre isso ajudava a transformar o luto”, relembra.
Ainda em busca da maternidade, Evelyn engravidou novamente em 2021. Com a esperança renovada, aguardava ansiosamente a chegada de Pedro Victor. No entanto, a notícia de que o bebê possuía trissomia do cromossomo 9 uma síndrome genética incompatível com a vida despedaçou seu coração. Na 12ª semana de gestação, ela enfrentou mais uma perda. “A sociedade muitas vezes não sabe como lidar com a dor de uma mãe que perdeu um filho, mas ao buscar apoio e compartilhar minha história, encontrei forças para seguir em frente”, conta.
O tempo passou, e em 2023, Evelyn decidiu tentar novamente. Retirou o DIU e entregou sua caminhada nas mãos de Deus. “Mesmo com medo, sabia que precisava seguir em frente.” Seu desejo não era apenas ser mãe, mas também ressignificar a dor e permitir-se um futuro de esperança.
Em 2024, uma nova chance chegou. Ela descobriu estar grávida de José Arthur, mas, mais uma vez, a vida a colocou à prova. Complicações na gestação levaram à perda do terceiro filho. O sofrimento, já avassalador, atingiu um novo patamar. “Era como se a vida me testasse a cada instante. Mas, em meio à dor, encontrei resiliência e forças para continuar”, diz Evelyn.
A busca por apoio psicológico foi essencial. Ela compreendeu que, mesmo sem seus filhos nos braços, a maternidade ainda existia dentro dela. “O amor de mãe é eterno. Meus filhos vivem em meu coração e nas minhas ações”, afirma com emoção. Ao se reaproximar da fé, encontrou acolhimento na igreja e em grupos de apoio como o Instituto Amor Nosso, onde mães enlutadas compartilham suas vivências e se fortalecem mutuamente.










Mais do que enfrentar sua dor, Evelyn decidiu transformar sua experiência em mudança social. Com sua iniciativa, ajudou a criar uma lei municipal que garante a separação dos leitos de mães em luto daqueles de mães com bebês recém-nascidos. “Cada mulher tem seu tempo para transformar a dor em saudade. Ter sido a ponte para essa lei foi uma vitória para todas as mães que passaram por essa perda”, ressalta.
Hoje, Evelyn mantém viva a memória de João Guilherme, Pedro Victor e José Arthur. “A dor de perdê-los é imensa, mas o amor nunca acaba. Mesmo em sua ausência, eles continuam me ensinando, todos os dias.”




Sua trajetória é um testemunho de resiliência e coragem. Com fé inabalável, ela segue sua caminhada, carregando seus filhos no coração e nas ações que transforma em legado. “Eles continuam vivos em mim. Cada gesto é uma homenagem a eles e uma prova de que o amor verdadeiro jamais se extingue.”

Texto: Indira Queiroz