Alunos da rede estadual se aproximam da cultura dos povos indígenas por meio de projeto interdisciplinar
Estudantes do Centro de Educação de Tempo Integral (Ceti) Elisa Bessa Freire, na zona leste de Manaus, visitaram a Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn), no bairro Aleixo, zona centro-sul da cidade. A atividade de aula prática, de terça-feira (02/04), integra a programação de um projeto interdisciplinar planejado pela escola em dezembro de 2023.
A aula prática foi complementar às atividades já desenvolvidas no ambiente escolar. A partir da união entre as aulas teóricas e de campo, a ideia é encerrar o projeto, no dia 12 de abril, com apresentação de objetos da cultura indígena, que serão confeccionados pelos próprios alunos.
“Essa atividade compreende dois momentos: na sala de aula, porque a discussão não termina, nem começa nos eventos; e, a partir da sala de aula, é que vem essa programação [na prática]. Já tivemos debates na escola, rodas de conversa e apresentação de documentários para iniciar essa temática”, explicou o professor de Ensino Religioso, Manoel Barbosa Neto.
Durante a visita, os alunos conheceram produtos artesanais fabricados pelas associadas, tiraram dúvidas sobre a cultura indígena e sobre a história da associação.
Os estudantes também tiveram a oportunidade de conhecer danças indígenas e alguns dos instrumentos musicais utilizados pelos povos originários. Para a comunidade escolar, foi um momento de aprendizado e descobertas sobre a própria ancestralidade.
“É escondida essa parte da nossa cultura, que está no nosso sangue. Eu achei importante aprender sobre os instrumentos, sobre a história da associação. É importante para que a gente crie laços com as nossas raízes, com o nosso povo e valorizar o que é nosso”, disse a estudante do 8º ano, Ketlen Montenegro, de 13 anos.
“Eu acho muito linda a cultura indígena. É muito importante aprender porque na minha escola tenho dois colegas indígenas e a gente precisa aprender para nos comunicar com eles. Eu espero levar muitas recordações daqui”, disse o estudante Luan Bezerra Peres, 11.
Mulheres indígenas
A Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) foi fundada em 1987, a partir de um grupo de mulheres indígenas que vivia em Manaus e sofria as consequências da discriminação e do preconceito social. Atualmente, participam do grupo 82 indígenas de dez povos do Alto Rio Negro: Tukano, Desana, Wanano, Tuyuka, Tariana, Mirity-Tapuya, Karapanã, Baré, Arapaso e Pira-Tapuya.
O grupo é mantido pelas próprias associadas, que a cada três anos elegem a mesa diretora. Frequentemente, a associação recebe estudantes de diferentes idades e realiza oficinas que apresentam aspectos da cultura indígena, como a diversidade de línguas, danças e grafismos.
“É importante mostrar nossa cultura para a escola e mostrar nossa riqueza. Os alunos vão conhecer mulheres indígenas que trabalham com o artesanato, que nunca esqueceram a cultura delas. É importante mostrar nossa língua, nossa dança, nossa fala”, disse Joana Montanha Galvão, indígena do povo Desana e vice-presidente da Associação.
Tema transversal
Conhecer a história e a cultura dos povos indígenas, da Região Amazônica brasileira, é objetivo de um dos temas transversais abordados pelo Ceti Elisa Bessa Freire.
Os assuntos relacionados à temática serão debatidos durante o ano por todos os componentes curriculares, conforme a necessidade de adaptação aos conteúdos e ao cronograma escolar de atividades interdisciplinares.
“Esse é o compromisso de uma educação cidadã-democrática. Nesse compromisso, nós temos que reconhecer a diversidade cultural. Temos que ter ações concretas”, destacou o professor Manoel Barbosa Neto.
FOTOS: Eduardo Cavalcante/Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar